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Capibaribum
03:05
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O Rio é o choro do olho d’água Que desce o desfiladeiro
Depois vira uma serpente de vidro Espelhando o céu canoeiro
É o rio que passa na minha aldeia Passeia e desenha a cidade
E o menino nu pula na correnteza Sem medo algum
Capibaribum
A água preenche qualquer vazio O seu desafio é chegar
É o segredo sagrado de Oxum Misturar com o sal de Iemanjá
O rio que corre na veia do tempo Deságua na eternidade
Ele passa por todo lugar
Mas não fica em lugar nenhum Capibaribum
Capibaribe
O som do motor da canoa
Onde o rio faz a curva
Tá na hora de encontrar meu amor Que chegou debaixo de chuva Ficamos então assim abraçados Olhando a água correr
Generosa, espalhando
O mistério da vida
Pra qualquer um
Capibaribum!
A água doce, borbulha e
Desce fluida e banha o berço das capivaras. Recife é um presente do rio. Onde humanos são apenas um acidente de percurso.
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2. |
A Ponte
04:32
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Como é que faz pra lavar a roupa? Vai na fonte, vai na fonte
Como é que faz pra raiar o dia? No horizonte, no horizonte
Este lugar é uma maravilha
Mas como é que faz pra sair da ilha? Pela ponte, pela ponte
Como é que faz pra sair da ilha? Pela ponte, pela ponte
A ponte não é de concreto, não é de ferro Não é de cimento
A ponte é até onde vai o meu pensamento A ponte não é para ir nem pra voltar
A ponte é somente atravessar
Caminhar sobre as águas desse momento A ponte não é para ir nem pra voltar
A ponte é somente pra atravessar Caminhar sobre as águas desse momento
Como é que faz pra lavar a roupa?
Vai na fonte, vai na fonte
Como é que faz pra raiar o dia?
No horizonte, no horizonte
Este lugar é uma maravilha
Mas como é que faz pra sair da ilha?
Pela ponte, pela ponte
Como é que faz pra sair da ilha?
Pela ponte, pela ponte
A ponte nem tem que sair do lugar
Aponte pra onde quiser
A ponte é o abraço do braço de mar
Com a mão da maré
A ponte não é para ir nem pra voltar
A ponte é somente atravessar
Caminhar sobre as águas desse momento
Nagô, nagô, na Golden Gate
Meu peito jorrando meu leite
Atrás do retrato-postal fiz um bilhete
No primeiro avião mandei-te
Coração dilacerado
De lá pra cá sem pernoite
De passaporte rasgado
Sem ter nada que me ajeite
Coqueiros varam varandas no Empire State Aceite
Minha canção hemisférica
A minha voz na voz da América
Cantei-te Amei-te
Cantei-te Amei-te
Nagô, nagô, na Golden Gate
Nagô, nagô, na Golden Gate
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3. |
Cerca Viva
04:03
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Naquela noite quando você foi embora
Eu percebi como era cego meu amor
Eu tinha mais que merecia e joguei fora
Água demais pode despetalar a flor
E agora chove sobre mim e nada flora
A sua ausência me acompanha aonde eu for
Eu quis te proteger dos males do mundo
E foi a cerca viva que nos separou
E agora eu moro numa casa sem parede
Sem janela e sem rede, tudo aqui perdeu a cor
Mas entendi o valor da liberdade
Abri a gaiola e o passarinho voou
Vai passarinho, pede no ouvido dela
O perdão tardio de quem sabe quem errou
Vai passarinho, pede no ouvido dela
O perdão tardio de quem sabe quem errou
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4. |
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Aonde isso vai não sei Tô preso no tempo
E não sei sair
É tanta rapidez
Eu vivo no corre
Tô sem parada
Aonde isso vai não sei
As horas não deixam
Ninguém dormir
Virando zumbi
De olhos abertos N
a madrugada
Aonde isso vai não sei
Preciso depressa
Quem me acuda
Porisso te liguei
Só tenho você pra pedir ajuda
ÊhowÊhow
Contigo o tempo anda slow
ÊhowÊhow
Um sopro de paz
Uma voz sincera
ÊhowÊhow
Eu tô nas asas do seu carinho
ÊhowÊhow
Ê how!
Tua presença ilude o tempo
Traduz a luz
Desse momento
Aonde isso vai não sei
Já tô na rua 6 da manhã
O pânico passou
Você me ensinou respirar o vento
Pra onde isso vai não sei
Encosta sua voz em meu ouvido
Se agarra em meu corpo e vem
Correr atrás do tempo perdido
ÊhowÊhow ÊhowÊhow
Tua presença equilibra
Serena o caos
E a alma vibra
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5. |
Passagem Secreta
03:28
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Há uma gravidade em seu olhar
Que me deixa nas nuvens
E me puxa pro chão,
Como um astronauta Brincando
No solo da lua
Há uma passagem secreta
Labirinto em linha reta
Um atalho pra chegar
Tanto faz aonde
Você já mudou meu destino
Abre-se o mar
A gente corta caminho
O seu olhar
Nunca me deixa sozinho
Num mundo tamanho
Como um gesto humano
Tão normal assim
Afeta uma vida
Fertiliza uma canção?
Quem explica?
A lei da gravidade Da paixão
Sobe o luar
Sobre a cidade marinha
Lua no altar
Alma não está mais sozinha
Num mundo tamanho
E eu astronauta de sonho Salto
No espaço
Sem fundo
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6. |
A Curva da Luz
03:33
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A curva da luz
No instante em que o sol nasceu
Já era o sinal
Senti que algo aconteceu
Não sei nem dizer
Quanto tempo durou pra nós dois
Então tanto faz
Tudo é antes e depois
Da curva da luz
Abri a janela
Nada havia além do normal
Pessoas passando iguais
Lá fora nada mudou
Olhei no seu rosto
A lágrima quente brilhou
A gênesis do amor, do amor
Na curva da luz
Os fios invisíveis
Que unem alma e corpo
Somos invencíveis
Já não há pecado nem perdão
É mais que só desejo Dispensa explicação
Amor é o antidestino
Que expõe o coração
À curva da luz
Amor é antidestino
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7. |
Sobreviventes
03:13
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As vezes vozes me queimam o ouvido
As vezes queimo em silêncio
Você risca o fósforo e eu corro risco
De voltar pro mesmo lugar
E essa dor
Não vai embora agora eu já sei
Que os pingos da chuva levarão
Estamos juntos e é o que resta nessa solidão
Calor tropical, melancólico aflito
Terreiro de sombra e de luzes
Pequenas estrelas num céu monolito
Meus versos na areia o mar apagou
Quando eu chorar não vai ser de tristeza
Só pingos de chuva de verão
Estamos vivos e é o que resta Sob o sol
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8. |
Hora do Pesadelo
03:21
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Agi
Como um bicho tenso Fugi
Do calor da chama
Tentei te salvar do fogo
Incêndio
Em nossa cama
O sol
Tá ardendo em febre
Pisei
No tapete em brasa
Acordo
No escuro, suado
Você dormindo serena ao meu lado
Eu ando tendo pesadelos estranhos
Tudo parece tão real
Como naqueles filmes de apocalipse
Só que não muda de canal
O chão
Rocha racha ao meio
Canudos de vento a girar no céu
E o mar alagando o quarto
Teu corpo
Boiando em torno de mim
Acordo apavorado
Alívio te ver assim
Em sono profundo ao meu lado
Fetal como um querubim (Ahá)
Eu ando tendo pesadelos estranhos
Tudo parece tão real
Eu vejo imagens de um planeta em flagelo
Pelo degelo glacial
Surtei
Com as motosserras
Matando as árvores do quintal
Morri quando as bombas de Gaza
Caiam do nada em cima de mim
Ressucitei
No travesseiro
Tremendo de medo e frio
Olhei pelo quarto inteiro
Você não estava
O quarto vazio
Eu tenho tido pesadelos estranhos
Tudo parece tão real
Mas sei que é só fechar
Os olhos no sonho
Que tudo volta ao normal
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9. |
Piaba de Ouro
03:47
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Hoje eu não quero saber
Hoje eu não sei de nada
Eu só quero escutar esse baque
Que faz o meu corpo arrepiar
É de maracatu
É a jóia rara
É o meu Pernambuco de fé
Quero sair para ver
O Guerreiro de Lança no Alto da Sé
Ó quem vem lá
Olha quem vem lá
Que bonito ver
A moça que ginga no Baque Solto
Estrela brilhante
Piaba de Ouro eu quero ver
A moça que ginga no baque solto
No baque virado
Piaba de Ouro eu quero ver
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10. |
Forró do Nevoeiro
03:44
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No forró da serra
Quando desce o nevoeiro
A visão desaparece
Ninguém vê ninguém
A neblina invade o baile
Toma posse do terreiro
Fica todo mundo cego
No meio do fog
Ninguém enxergava um palmo adiante
E o zabumbeiro tá ficando grogue
Alguém aproveita a situação
E acende um murrão de rachar o coco
O cheiro espalhou no meio da fumaça
E o povo da serra foi ficando louco
No forró do nevoeiro Ninguém vê ninguém (3)
Até eu me perdi no salão Espalhando amor
Sem saber a quem
Meu bem
Vamo no Forró do Nevoeiro
No dia seguinte ninguém disse nada
Ninguém sabe nada ninguém tirou selfie
O povo acordava e saía calado
Casal não casado arreado no chão
Beberam o que tinha no estoque
Não sobrou uma gota de aguardente
Pior que não tinha testemunha
Ninguém tem certeza do que aconteceu
Só sei que quando a neblina desce
Todo mundo corre pro Forró do Nevoeiro
No forró do Nevoeiro
Ninguém vê ninguém (3 X)
Até eu me perdi no salão Espalhando amor sem saber a quem Vamo pro forró do nevoeiro
Meu bem
Vamo pro forró do nevoeiro
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